segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Tempo, mano velho

As coisas estão rápidas. Rápidas demais.

As conversas são rápidas. As novelas são rápidas. As viagens, a queda da Bolsa, os seqüestros. A retirada do trema de "seqüestros". Foi tudo rapidinho.

Mas tudo está correndo mesmo. Relacionamentos duram uma noite, hectares de floresta são dizimados em poucas chamas, lançamentos de celulares a cada semana. A formatura de 3° ano tá aí! Hoje, de lento, parece que só as propagandas da Warner.

Dá até vertigem. Mas passa rápido.

***

Em uma viagem que fiz a Goiás Velho, há uns três anos atrás, aconteceu um fato curioso: uma velha.

Eu e família saímos cedo do hotel pra rodar na cidade. As casas de Goiás Velho ou são de arquitetura antiga senhorial, ou são muito pobres. Numa casa pobre, estava sentada uma velha em frente à porta aberta.

Depois do rolé pela city há-há-há voltamos ao hotel pelo mesmo caminho.

E a velha continuava lá.

Não creio que ela estivesse vendo TV ou ouvindo rádio ou fazendo qualquer outra coisa. Mas ela continuava exatamente na mesma posição em que a vi pela primeira vez. Absolutamente imóvel.

Posso dizer que me lembro de muito pouco daquela viagem e até da própria cidade, mas daquela velha eu não me esqueço. Era como se... como se ela não habitasse esse mundo a que estou acostumada, esse mundo rápido e confuso. Parecia que, naquele rosto marcado pelo tempo, já não passava tempo algum.

Ou talvez ela já estivesse morta. Não sei.

Mas ela me fez parar. Parar e pensar a fundo no que diabos eu estou fazendo aqui. Afinal, eu não sou rápida. Não acompanho o curso do mundo, e percebi que nem quero. É possível se encaixar num mundo tão caótico sem ir no seu ritmo? É, eu acho que é. Só preciso aprender como, mas tudo a seu tempo. Ou melhor, ao meu tempo.

Vou voltar a escrever. Mesmo um blog à disposição na internet pode me fazer olhar um pouco mais para dentro.