segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Ainda a respeito do tempo,

Alguém devia nos prevenir quanto ao nunca mais. Ele vem, sempre vem, invariavelmente. O bom só é bom porque finda no nunca mais, e a gente sabe disso. Mas não há preparação para o nunca mais. Quando ele vem, pronto, acabou, mais não há. Agora, nunca mais.

Essa liberdade que nunca mais. Esse momento que nunca mais. Essa infância, essa escola, essas amizades, essa vida. Essa vida que nunca mais.

E esse tempo que nunca mais. Esse instante que... o quê? nunca mais. Esses esses, esses aqueles, esse outro. Esse outro que nunca mais. Kate Nash, "Merry happy".

Esse outro tempo pelo qual eu tanto ansiava chegou. Bate à porta enquanto o que me pertencia foge pela janela. Ele se afasta - só assim eu percebo o quanto ele era belo. Isso tudo é belo porque nunca mais?

O que resta a fazer é atender a porta. Mas eu sempre dou uma espiada na janela. Invariavelmente.


Morrerei precocemente aos 47 anos com um quadro de nostalgia aguda.