segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Ainda a respeito do tempo,

Alguém devia nos prevenir quanto ao nunca mais. Ele vem, sempre vem, invariavelmente. O bom só é bom porque finda no nunca mais, e a gente sabe disso. Mas não há preparação para o nunca mais. Quando ele vem, pronto, acabou, mais não há. Agora, nunca mais.

Essa liberdade que nunca mais. Esse momento que nunca mais. Essa infância, essa escola, essas amizades, essa vida. Essa vida que nunca mais.

E esse tempo que nunca mais. Esse instante que... o quê? nunca mais. Esses esses, esses aqueles, esse outro. Esse outro que nunca mais. Kate Nash, "Merry happy".

Esse outro tempo pelo qual eu tanto ansiava chegou. Bate à porta enquanto o que me pertencia foge pela janela. Ele se afasta - só assim eu percebo o quanto ele era belo. Isso tudo é belo porque nunca mais?

O que resta a fazer é atender a porta. Mas eu sempre dou uma espiada na janela. Invariavelmente.


Morrerei precocemente aos 47 anos com um quadro de nostalgia aguda.

4 comentários:

((Krab)) disse...

ah, luísa. não sei mas acho que olhar pra janela eh tão bom... tá certo que tem vezes que me dói, mas daí eu fecho a persiana, tento ler um livro, desisto e ligo a tv.

mas, tipo, vc tbm tá sentido sintomas da crise de encerramento do ensino médio, não eh?

que se chama Luísa disse...

é. estou sendo exagerada?

Longhi disse...

não :}

Dimitri disse...

"[...]uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente."

não sei porque, mas esse seu texto me lembrou desse outro aí...