sábado, 2 de janeiro de 2010

Sobre o amor

Gosto de chorar e sentir as lágrimas descendo nas bochechas. E de soluçar chorando.

Minha mãe, não. Ela chora sem fazer barulho e enxuga as lágrimas antes de elas saírem dos olhos quando ela está acompanhada, e é ainda mais discreta quando está perto de mim e de meus irmãos. Trabalho de mãe, essa coisa de esconder sentimento.

Ontem, a gente viu um filme que fez até minha irmã chorar – mas não meu pai. Que eu saiba, ele só chorou com "Querido Frankie" –. Era de uma mãe que perdia uma filha querida pra uma doença que ela, a mãe, demorou para aceitar que levaria a menina sem tardar. É um filme muito cheio de amor. Ao final, a minha mãe deu um beijo nas nossas testas e abençoou nossa noite como sempre faz. Ela chorou sem fazer barulho durante o filme, e fez o mesmo quando abraçou meu pai e escondeu o rosto e mais algumas lágrimas em seu braço. Ainda abraçada com ele, ela me olhou e me flagrou olhando pra ela. E sorriu.

Trabalho de mãe. Esconder que tem todo o sentimento do mundo.

6 comentários:

((Krab)) disse...

Costumo brincar com meus pais dizendo: "Fala sério. A vida de vocês, sem mim, seria muito sem graça".

Mas falo isso pra disfarçar - a minha é que seria assim sem esse 'trabalho de mãe.'

Um beijo!

Anne Caroline Quiangala disse...

Que bonitinho o intimismo disfarçado de poesia ou o contrário ou o simultâneo.Dá pra imaginar perfeitamente as imagens.

Bia disse...

Li o seu blog quase todo hoje. Sem palavras. Achei alguém que escreve parecido comigo, e que ao menos entenderia meus rabiscos. Virei sua fã, mas atualize mais frequentemente. =)

FRANK JOSEPH disse...

mãe. é sempre mãe.....

Bá : ) disse...

eu choro. com propaganda de margarina, até. minha mãe também. e, é, é coisa de mãe. é tudo igual, só muda de endereço.

Mariana Alflen disse...

OOii...nossa que lindo o que você escreveu, lindo mesmo! Gostei do seu blog ;)
Beiijos ;*